Páginas

domingo, outubro 09, 2011

Citação

"Quanto mais conheço o mundo,
mais me sinto insatisfeita com ele;
e a cada dia se confirma
a minha crença na incoerência de toda personalidade humana,
e na pouca confiança
que podemos depositar na aparência de mérito ou de razão."


Jane Austen.
Orgulho e Preconceito
Semana de decepções talvez seja forte demais,
mas posso afirmar que Murphy adora me contrariar!

quinta-feira, outubro 06, 2011

O Peso das Coisas

     A vida é o caminho que percorremos, e durante essa jornada carregamos coisas, recolhemos e deixamos itens por onde passamos. Guardamos tudo na nossa mochila, isto é, o nosso coração.
     No entanto, cada coisa tem peso diferente. Lembranças são coisas mágicas, têm o peso que queremos dar a elas.
     Pensamentos sequer param em nossas cabeças, em nossa mochila então...
     Agora, Preocupações são bem diferentes, essas sim pesam muito e ainda ocupam um espaço precioso. Dificultam-nos a caminhada e faz parecer que carregamos o mundo nas costas. Porém, há sempre uma maneira de nos livrarmos desse terrível peso, basta pensar no que nos aflige e procurar a solução mais adequada. Com isso, aliviamos o peso, pois mesmo que a solução venha a ser inviável, naquele momento, ela existe. E com apenas a constatação deste fato, seu peso diminue sensivelmente.
     Bem, e temos também os Sentimentos. Esses são realmente especiais, pois cada um tem peso e medidas próprias, portanto é preciso cautela e zelo ao lidar com eles.
     Há os Sentimentos Ruins, como o Ódio, a Raiva, o Rancor, a Mágoa, a Vingança, a Inveja; todos pesados como chumbo e também venenosos, só fazem mal àqueles que os têm na mochila.
     Há os Sentimentos Relativos, porque são dependentes da nossa vontade e do valor que damos a eles, para tomarem o tamanho e o peso. Encaixam-se nesse caso: o Orgulho, a Ambição, o Ciúme; porque eles podem ser tanto pesos para fortalecer os músculos, como se tornarem tão perigosos quanto aquele chumbo-venenoso.
     Sentimentos como a Alegria, o Entusiasmo, a Amizade, o Carinho, a Compreensão, ou seja, os Sentimentos Bons têm o peso de um pedaço de nuvem, são tão leves que podemos carregar uma grande quantidade deles que nem ao menos perdemos o ritmo dos passos. E o melhor de todos os Sentimentos Bons – o Amor –, é tão leve que dá até a sensação de nos fazer flutuar junto com ele.
     E para completar, há os Sentimentos Especiais, nos momentos de dificuldade são os mais difíceis de mantermos em nossas mochilas, entretanto, se conseguirmos ficar com eles, estes são capazes de fazer com que nos livremos do peso dos Sentimentos Ruins. Estes sentimentos são o Perdão e a Gratidão.

Atenção com o que você carrega na sua mochila. E lembre-se que não nos é dado mais coisas do que somos capazes de levar, mas temos de encontrar a força dentro de nós mesmos.

segunda-feira, outubro 03, 2011

Há erros.

São propositais.
Aceite e compreenda a poesia.

Olho Gordo

Cansada de sua própria inveja, ao ver aquela odiosa perfeitinha exibir seu êxito, com méritos, em mais um exame para suas amigas, ela levantou-se puxando de sua bolsa uma arma – que foi pega às escondidas de seu marido policial.


Tal ato paralisou a todas na sala. Neste momento, havia apenas as duas em pé. Ela, nervosa e praticamente gritando, exclamou:

- Você acha que é melhor que todo mundo aqui, não é?

- Jamais pensei assim. Isso é você quem está dizendo.

Sentindo o sangue lhe subir à cabeça, não agüentava mais seus próprios pensamentos: se esforçava e forçava-se a ser tudo o que não era e a perfeitinha fazia tudo tão naturalmente...

- Como pode ser tão arrogante? Ela disse tentando manter sob controle a sua raiva.

- Como assim?

Como ela odiava aquele tom de inocência, aquele jeito tão doce de falar, mesmo quando dizia coisas sérias. Ela odiava aquela maneira de portar-se: agradável e autoconfiante ao mesmo tempo, completamente franca. Tão... tão... perfeitinha!

- Odeio quando faz isso! Tenho até vontade de... – Finalmente ela se controlou por completo, foi, porém, um pouco tarde.

- De quê? De me matar?

Um momento de silêncio, e toda a tensão concentrou-se ainda mais. E o discurso prosseguiu:

- Sabe, já há algum tempo não confio em você. Vejo agora que eu tinha razão. O jeito que olha para as pessoas... Mas você não era significante o suficiente para que me incomodasse. Caso deseja me matar, vá em frente. Pense, porém, nas conseqüências. Perante a lei, dos homens, terá cometido a atrocidade de um assassinato por razão fútil e sem chance de defesa. Perderá seu direito à liberdade e à chance de ter uma vida digna. Marcará de forma traumatizante a vida de todas as nossas colegas aqui presentes. Não conheço seus princípios, mas eu acredito na vida após a morte e na eternidade. Acredito, portanto, que me matando você carregará todas as máculas por: roubar de mim o direito de viver; roubar de meus pais o direito de ter uma filha; roubar de minha família e amigos a minha presença nas festas e reuniões; roubar de meu namorado uma provável vida em minha companhia repleta de próspero amor e felicidade; roubar de meus futuros filhos o direito de ter uma mãe. Não sei como pensas, entretanto eu não conseguiria conviver com o peso de tantos atos terríveis. Seja como for, faça a escolha que quiser. Peço apenas que decida com prudência.

Confusa, ela baixou o braço.

Foi presa por tentativa de homicídio.

O que é certo, é certo. Mesmo na terra dos homens.