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terça-feira, fevereiro 14, 2012

A Outra

Eu sabia que não era o mais certo. Ainda assim, eu entrei naquele carro. Ele continua tão lindo! Tão encantador! Fomos a casa dele. De tão tranquila e afastada que era fez-me esquecer da realidade. Toda aquela situação era tão excitante. O som... O cheiro... Que enquanto a chuva caia, eu flutuava. O peito ofegava, a boca sorria e nos olhares transbordava cumplicidade. Naquele momento não sabíamos do resto, mas o que estávamos fazendo, tudo aquilo estava certo. Porém, assim que a chuva deixou pingar sua última gota, como um aviso, a realidade retornou. Espaçosa, extravagante e exagerada Luísa entrou pela sala, transformando a atmosfera de amena para conturbada, como sempre. Antes de sair pela cozinha, pude ver aqueles olhos azuis, inteiramente suplicantes, ao me ver a fechar a porta. Ele me disse que não queria estar com ela. Então por que ainda estava? Voltando para casa, com lama nos tornozelos, me arrependi de ser a outra. Apesar de ter certeza de ser a legítima para quem realmente importava. Estremecendo abri os olhos. Eram meus lençóis e travesseiros dessa vez. Mas eu não tinha tanta certeza... Tudo foi mesmo só um sonho?

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