Eu
sabia que não era o mais certo. Ainda assim, eu entrei naquele carro. Ele
continua tão lindo! Tão encantador! Fomos a casa dele. De tão tranquila e
afastada que era fez-me esquecer da realidade. Toda aquela situação era tão
excitante. O som... O cheiro... Que enquanto a chuva caia, eu flutuava. O peito
ofegava, a boca sorria e nos olhares transbordava cumplicidade. Naquele momento
não sabíamos do resto, mas o que estávamos fazendo, tudo aquilo estava certo.
Porém, assim que a chuva deixou pingar sua última gota, como um aviso, a
realidade retornou. Espaçosa, extravagante e exagerada Luísa entrou pela sala,
transformando a atmosfera de amena para conturbada, como sempre. Antes de sair
pela cozinha, pude ver aqueles olhos azuis, inteiramente suplicantes, ao me ver
a fechar a porta. Ele me disse que não queria estar com ela. Então por que
ainda estava? Voltando para casa, com lama nos tornozelos, me arrependi de ser
a outra. Apesar de ter certeza de ser a legítima para quem realmente importava.
Estremecendo abri os olhos. Eram meus lençóis e travesseiros dessa vez. Mas eu
não tinha tanta certeza... Tudo foi mesmo só um sonho?