- O meu
orgulho sempre foi uma coisa com a presença muito forte em mim. E neste
aspecto, não há nada de diferente. Eu sei o que estou sentindo, mesmo não
sabendo. Sim, é contraditório, mas isso não me incomoda. Só que... quando eu
lia nos poemas, sobre o amor, aquele tipo de amor, eu não acreditava que ele
pudesse ser real. Um amor que te fazia bem e te fazia mal. Que te enchia de
alegria e de dor, de certezas e de dúvidas, que poderia te fazer morrer de
amor, mas por dentro. Que te fizesse ser a pessoa mais generosa e a mais
egoísta do mundo, ao mesmo tempo. Eu nunca acreditei neste amor, pensava que
não era mais do que um sentimento dos poetas, glorificado, para nos fazer
comover e emocionar. E, no entanto, cá estou eu com este sentimento dentro do
peito, me pondo louca. Entendendo o que antes era impossível para mim. Ele me
desestabiliza. Faz-me querer coisas opostas.
- Sempre tive
meus pés no chão, e me orgulhava disso. Sempre fui boa em encontrar respostas,
soluções para os meus problemas. E agora, tê-lo por perto, faz parte de mim
querer entrar em uma silenciosa competição.
- Ele fez
despertar este sentimento em mim, em uma das raras ocasiões em que eu me perco.
E por ele ser melhor do que eu nestes pontos, ele me ajudou a encontrar
novamente o meu lugar, isto me fez apaixonar. Porém, agora que estou aqui, de
volta, ele continua sendo melhor do que eu. O que desperta dois sentimentos
dentro do meu próprio amor: a admiração e a irritação. O primeiro é fácil, já
que eu acredito que para estar ao meu lado, no mínimo, deve ser alguém
admirável. O segundo é que é o problema, me irrita porque mexe com o meu
orgulho. Pois foi esse orgulho que sempre me manteve em pé e é preciso passar
por cima dele para admitir qualquer coisa.
- O que mais admiro
nele: ser o único que realmente me conhece. O que mais me irrita nele: saber
mais de mim do que eu mesma. Eis aí o meu problema, tem coisas sobre mim que eu
não quero ou não estou em condições de refletir, e portanto, argumentar sobre
tal assunto em uma discussão. Então eu guardo para depois e apenas digo “Eu sou
assim. Não há o que dizer a respeito”. Eu sei, é certo e tampouco admirável.
Mas é uma saída, nada digna, confesso. Mas perceba: é temporária. Sei o que
pode dizer, que isto é uma armadilha. Mas não é. Como posso saber? Experiência
própria. Só que, ele me dizer tão abertamente que este é o tipo de atitude que
ele odeia. Como posso explicar... me destruiu por dentro.
- “Meus medos”
fazem parte do que costumo classificar como “assunto delicado” na minha vida.
Eles têm essa classificação porque discutir sobre ele me irrita, ou me machuca,
ou ambos. E eu não sei bem o motivo. Só sei que acontece. E eu preferia que
eles ficassem intocados, até que eu resolvesse o que há de errado com eles. Por
quê? Porque esse é o meu jeito de resolver certas coisas. Não estou dizendo que
é mais rápido, ou modelo a ser seguido, ou correto. Não. É apenas o que
funciona para mim. Por nada... só citei isso, porque isso desencadeou mais uma
discussão... e elas acabam comigo...