Não me lembro de como, sei apenas que aconteceu.
Eu estava sozinha, na rua deserta e escura.
De repente, um calafrio, senti uma sombra passar.
Quando me virei, lá estava ele.
Um espectro endiabrado, um demônio angelical.
Senti meu sangue indo embora, tontura, tudo escureceu.
Quando acordei, estava tudo diferente.
O escuro estava claro, de algum modo eu enxergava.
Sentia um gosto estranho, de ferrugem, no fundo da língua.
E uma fome esquisita, meu estômago queimando.
Neste momento ele entrou. Me olhou. Parecia procurar algo, não
encontrou. Ele se foi.
Então entendi. Meu pescoço.
Senti algo, ferida dupla... como... dois furos.
Lembrei-me. Olhos vermelhos, cor de brasa. Caninos maiores.
Meu Deus! É claro! Ele é um...
E agora eu também...
Que dor insuportável, no peito, parece ser... no coração...
Estou morrendo... Mas agora sou imortal.
Ele entrou de novo. Veio falar comigo.
Disse-me tudo o que eu tinha de saber.
Para sobreviver nesta nova condição.
Desde então venho descobrindo as vantagens e desvantagens de ser... ser
o que sou. ...
Porém muito, muito tempo se passou.
Mortes e mais mortes eu vi, eu provoquei.
De muitas batalhas eu participei.
Quase todas, eu venci.
Perdi apenas uma coisa. Não uma batalha.
Perdi meu mestre, meu criador, que apesar de tudo, de algum jeito, eu
amava...
E agora estou sozinha, para toda a eternidade.
By Outros
Tempos.
